O presidente da Famurs e prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador junto a prefeitos atingidos por intempéries foram recebidos nesta quarta-feira, pelo governador do Estado, José Ivo Sartori, no Palácio Piratini para falar sobre a situação de emergência nos municípios gaúchos.
Na ocasião, Folador, apresentou uma proposta ao governador Sartori, para desburocratizar a transferência de recursos para cidades em situação de emergência. A medida consiste em um repasse fundo-a-fundo diretamente aos cofres municipais, sem a necessidade de elaboração de plano de trabalho. “Agilizaria a prestação de auxílio às comunidades afetadas”, explicou Folador.
Segundo ele, funcionaria da mesma forma como já procede nas áreas de saúde, educação e assistência social. “O município recebe o recurso e depois presta contas de como e onde gastou”, esclareceu. Outra proposta apresentada pela Famurs foi a destinação de parte do recurso de multas ambientais para os Fundos Municipais e Estadual da Defesa Civil. O assunto deverá ser tema de agenda na próxima semana em Brasília, com o ministro da Integração, Gilberto Occhi.
Nesta terça (13), o governo do Estado atendeu a um pedido da Famurs e editou decreto de emergência coletivo. É a terceira vez em 15 meses que isso acontece. Em julho de 2014, enxurradas na região norte do Estado atingiram 163 cidades e obrigaram 135 prefeituras a decretar situação de emergência. Duas entraram em estado de calamidade pública.
Em agosto deste ano, outra tempestade atingiu 68 cidades do RS, sobretudo na região metropolitana. Ao todo, 57 mil pessoas foram afetadas. Segundo levantamento da Famurs, mais de R$ 217 milhões foram contabilizados em prejuízos pelas prefeituras na ocasião. Agora, em outubro, este novo episódio atingiu mais de 50 mil pessoas, de 57 municípios gaúchos. Vinte e seis cidades decretaram situação de emergência.
Candiota
O município estima prejuízo de R$ 5 milhões, após os 300 milímetros de chuva dos últimos dias. A Defesa Civil junto ao poder municipal contabilizou cerca de 60 casas atingidas pelas chuvas e granizos, além de aproximadamente 800 propriedades rurais que também foram atingidas, ocasionando perdas de diversas culturas, além da queda acentuada de produtividade na produção de leite.
O decreto de emergência feito pelo município já foi homologado pelo Estado, nessa quarta-feira, 14. “Estamos trabalhando para amenizar essa situação, com medidas emergenciais, distribuímos lonas às famílias que tiveram seus telhados quebrados com o granizo, além de distribuição de alimentos”, falou o vice-prefeito, Paulo Brum.
Burocracia
Os municípios que decretaram situação de emergência pelas enchentes de 2014 seguem ser receber auxílio. Dos R$ 30 milhões solicitados pelas prefeituras gaúchas no ano passado, nenhum centavo foi liberado até agora. Entre os motivos da demora, está a falta de pessoal no Ministério da Integração. Apenas 14 engenheiros da Pasta analisam os projetos encaminhados de todo o Brasil.
De acordo com Portaria 385 do Ministério da Integração, de outubro de 2014, a Pasta recebe anualmente aproximadamente 500 planos de trabalho e possuía cerca de 2,8 mil processos paralisados na data. O decreto também informa que o sistema federal de transferência de socorro aos municípios apresenta problemas. “O atual procedimento não atende de forma adequada a população vitimada por desastre, não permitindo a recuperação, na velocidade necessária, da infraestrutura pública destruída, penalizando a população que não consegue retomar sua rotina”, admitiu o então ministro Francisco Teixeira.